O presente artigo discute as práticas de aperfeiçoamento de si e do cuidado com o ambiente, voltadas para a saúde e o bem estar físico, mental e espiritual. O foco desta discussão está dirigida para os pontos de interseção entre práticas ecológicas e religiosas, que dão origem a processos de sacralização da natureza e de "naturalização" do sagrado. O campo de interesse empírico são as práticas religiosas de grupos ecológicos e as práticas ecológicas de grupos religiosos. Elegemos como referenciais metodológicos e teóricos as contribuições da filosofia da percepção de Merleau-Ponty, da psicologia ecológica de Bateson, da antropologia fenomenológica de Thomas Csordas e da epistemologia ecológica de Tim Ingold, na medida em que estas perspectivas somam-se no intento de colapsar as dualidades mente e corpo, sujeito e ambiente, natureza e cultura. Encontramos no conceito de paisagem, enquanto corpo do mundo, um ponto de convergência destas diferentes abordagens. Assim, a hipótese que acionamos é a de que a paisagem, enquanto corpo do mundo, pode ser tomada como o solo da cultura, no sentido de que o sujeito humano, em sua condição corporal de ser no mundo, está não apenas implicado na paisagem, mas essa é a condição de seu engajamento no mundo e na cultura.