Este trabalho tem como principal objectivo apurar a influência da religião/espiritualidade na
saúde das pessoas que têm um maior envolvimento religioso, bem como perceber qual o papel
das variáveis "apoio social" e "estratégias de coping" perante as experiências de doença física
ou mental. Adicionalmente, pretende-se verificar a importância dada às crenças religiosas,
num contexto clínico, do ponto de vista dos entrevistados que, sendo crentes e praticantes de
uma religião, passaram ou estão a passar por uma doença com cronicidade ou gravidade. Com
este propósito foi utilizada uma metodologia qualitativa, dada a subjectividade do tema, e
realizadas entrevistas semi-estruturadas a indivíduos de diferentes religiões, designadamente 2
Católicos, 2 Evangélicos, 2 Testemunhas de Jeová e 2 Muçulmanos, perfazendo um total de 8
entrevistas. Os resultados obtidos evidenciaram uma influência positiva directa da
Religião/Espiritualidade na saúde, dado que as crenças religiosas podem evocar emoções
positivas e promovem uma visão do mundo que fornece sentido positivo e significado às
experiências de doença. Verificou-se igualmente uma influência mediada através das
variáveis" apoio social" e "estratégias de coping". Também foi possível concluir sobre a
necessidade que os inquiridos demonstraram relativamente ao facto das suas crenças
religiosas serem integradas no processo clínico tendo em conta o todo que os constitui, não só
por serem uma importante força de actuação e potencial eficácia no processo terapêutico, mas
também porque essa integração traduz num dever ético dos profissionais de saúde.