O propósito básico deste trabalho foi investigar as possibilidades de diálogo entre a Antroposofia, filosofia nascida no primeiro quarto do século passado e a Enfermagem. Para a consecução desta meta, estabeleceram-se como objetivos resgatar o surgimento das práticas pioneiras da enfermagem antroposófica no Brasil, caracterizar os enfermeiros no país que a adotaram e também exemplificar um tipo de atuação profissional da enfermagem baseada nos princípios antroposóficos. A fim de contextualizar o leitor, teceram-se algumas considerações sobre a vida de Rudolf Steiner, criador e principal divulgador da Antroposofia – ou Ciência Espiritual – bem como uma rápida explanação dos seus principais fundamentos. Esta pesquisa emprega uma metodologia qualitativa, caracterizando-se por um estudo descritivo-exploratório, sendo utilizadas as seguintes técnicas para a coleta dos dados: entrevista, questionário e observação de campo na Associação Comunitária Monte Azul, em São Paulo-SP. Os principais resultados indicam que: a) a enfermagem antroposófica, surgida na década de 70 na cidade de São Paulo/SP, ainda é uma área de atuação desconhecida, sobretudo no meio acadêmico; b) os enfermeiros antroposóficos concentram sua atuação profissional na aplicação das chamadas ‘terapias externas’; c) há coerência entre o discurso antroposófico e a postura profissional das enfermeiras antroposóficas que atuam na ACOMA e d) que a Antroposofia pode ser aplicada em qualquer área da enfermagem, uma vez que ela foca a visão do ser humano não apenas em seus aspectos físicos, considerando também sua vida emocional, sua qualidade vital e a sua biografia. O estudo também alerta para a necessidade de uma discussão mais aprofundada sobre a concepção de ser humano na formação acadêmico-profissional do futuro enfermeiro.