O tema central desta tese é a esperança escatológica. Através de uma pesquisa histórico-bíblica, o autor desta tese busca identificar o significado que os conceitos tiqwah e elpis tinham para os seus receptores judaico-cristãos originários. Jürgen Moltmann, ao propor uma hermenêutica política da esperança, busca retomar este tema a partir dos contextos nos quais ele se originou. Toda a concepção de esperança cristã desenvolvida por Moltmann tem seus desdobramentos na dimensão pública da missão do cristão no mundo. Portanto, a esperança escatológica produz uma etologia que lhe é própria. Nela, a esperança é instrumentalizada pela fé que assume o mundo como locus de ação transformadora, tornando, através da prática do amor, a redenção cosmo-antropológica uma possibilidade alcançável na efetivação dos princípios éticos da justiça e da verdade. Neste sentido, na etologia da esperança, o outro se torna referência da missio spei, e é para ele, como parte de uma realidade maior (kósmos), que o sentido redentivo da história escatológica está direcionado teleologicamente. É para o futuro que a esperança escatológica projeta seu olhar e deseja ver sua utopia se realizar plenamente. Já o binômio saúde e doença, como novo paradigma hermenêutico de teologicidade do neoprotestantismo brasileiro, concebe a esperança num contorno soteriológico diferente, no qual o presente vivido, aqui-agora, é compreendido como o locus em que se materializa a dimensão histórica da salvação do crente. A cura integral do anthrôpos é o sinal contundente de que a soteria bíblica tem, na dimensão histórica imediata, seu significado psicossomático cabalmente confirmado. É para este éon que o olhar da fé neoprotestante busca sua auto-realização integral. Neste sentido, a espiritualidade neoprotestante desenvolve uma etologia desescatologizada, que afirma a transcendência deste mundo e perde de seu horizonte hermenêutico a dimensão futúrica da esperança escatológica tal como se preconizou no protocristianismo. No entanto, existe a possibilidade de estabelecer um diálogo construtivo entre estas duas epistemologias da fé: a moltmanniana e a neoprotestante brasileira. Achar este ponto em comum é a tarefa que se propõe satisfazer o autor desta tese.