Este trabalho objetiva estudar o tema resiliência no que se refere a pessoas com grande sofrimento, vivendo situações traumáticas e de perda, como é o caso de doenças terminais. Assim, foram desenvolvidos estudos de modo a pesquisar na literatura, o entendimento da fé como fator de resiliência no tratamento do câncer. Para atender a critérios de abrangência e postulados éticos, a pesquisa baseou-se na análise do que pensam os profissionais da saúde sobre o papel da espiritualidade na recuperação dos pacientes. Fica patente a proximidade entre a realidade da prática de algumas categorias profissionais e os estudos que associam pacientes com câncer à resiliência. Foram entrevistados Religiosos, Psicólogos e Médicos, de modo a permitir adequar o referencial teórico, obtido na pesquisa bibliográfica com a vivência profissional, encontrada na pesquisa de campo, e assim concluir o trabalho. Pode-se desta forma observar a perfeita sintonia entre a experiência dos religiosos quando explorados os temas da terminalidade, da fé e sua relação com a doença e a capacidade de superação de certos indivíduos. O aspecto da fé como elemento puro e simples de cura foi amplamente examinado, tendo recebido contribuições bastante divergentes, desde a total liberação da doença, contrariando prognósticos médicos, até posições bastante pragmáticas, que se recusam a aceitar qualquer influência da fé no curso de evolução dos fatos. São concordes principalmente religiosos e psicólogos quando abordam o sentido do evento traumático e o estímulo da resiliência, sobre a qual exercem influência as raízes culturais e religiosas do paciente, o que se afina perfeitamente com a base teórica, que propõe combater a adversidade construindo um sentido de coerência que torne o sofrimento administrável. Houve completa unanimidade de todos entrevistados, quanto ao papel que a fé desempenha na convivência com a doença. Para os médicos, tudo se confunde e assim fé, espiritualidade e religião são encaradas como fundamentos de utilidade para desencadear mecanismos de proteção, de amparo e de fortalecimento no lidar com a problemática da doença. Se todos vamos morrer, a verdadeira questão não deve consistir no fim em si, mas como viver até o desfecho. Talvez nisso resida a maior contribuição desta pesquisa.