O transplante cardíaco entre humanos realizado pioneiramente por Barnard, em 1967, representou o início de importantes
avanços no tratamento de pacientes acometidos por doença cardíaca terminal. Esse procedimento passou a ser considerado opção
curativa para doenças antes consideradas fora de possibilidade terapêutica. Os enfermeiros buscaram aprimoramento para
desenvolver com habilidade e competência técnica-científica as demandas dessa especialidade nas suas áreas privativas. Na
prática assistencial e docente junto a pacientes do Programa de Transplante da instituição campo de estudo, principalmente na
fase pós-operatória, deparamo-nos com uma dificuldade não sanada até o ano de 2003 pela literatura específica, que foi a
ausência de um perfil diagnóstico de enfermagem e de diagnósticos validados de pacientes submetidos a transplante cardíaco em
todas as fases desse procedimento. Diante desta lacuna a ser explorada, este estudo visou analisar o perfil diagnóstico de
enfermagem de pacientes em pós-operatório mediato de transplante cardíaco, segundo a Taxonomia II da NANDA e validar o
diagnóstico mais característico dessa clientela. O estudo foi desenvolvido em duas etapas: a primeira refere-se a um estudo
descritivo, exploratório e retrospectivo desenvolvido por meio de avaliação dos registros de enfermagem constantes em 49
prontuários de pacientes submetidos a transplante cardíaco no período de 2003 a 2006 e que estavam em pós-operatório mediato
(de 24 h até 10 dias) para traçar o perfil desses pacientes e de seus diagnósticos de enfermagem. A segunda etapa foi
realizada junto a 54 enfermeiros especialistas em Terapia Intensiva, para validar o diagnóstico considerado como o mais
característico para essa clientela, utilizando o modelo de Fehring. Identificou-se no perfil demográfico e epidemiológico
desses pacientes, que houve predomínio de adultos do sexo masculino, casados, com Ensino Fundamental incompleto, aposentados,
católicos e de procedência de Belo Horizonte e do interior de Minas Gerais. A doença de base prevalente foi miocardiopatia
chagásica. Foram elaborados 60 diagnósticos de enfermagem e posteriormente classificados em 10 domínios e 25 classes, de
acordo com a Taxonomia II da NANDA. O diagnóstico de enfermagem “angústia espiritual” foi o mais característico, segundo os
especialistas em enfermagem, e suas respectivas características definidoras foram validadas. Pela validação, a maioria
(58,1%) das características definidoras obteve altos escores e foram classificados como “Muito Pertinente” (32,5%),
“Muitíssimo Pertinente” (25,6%), “De Algum Modo Pertinente” (41,9%). Não houve nenhuma característica nas categorias “Pouco
Pertinente” e “Nada Pertinente”. Os resultados deste estudo podem subsidiar o planejamento de intervenções de enfermagem a
serem planejadas nesta população específica.