O tema desta tese insere-se nos estudos de gestão ambiental em organizações. Discute a
inserção da dimensão ambiental nos processos produtivos e de gestão, não apenas
impulsionada por motivações mercadológicas, mas, também, por influência de valores
éticos, estéticos e morais, tendo como objetivos: i) redefinir conceitualmente a
problemática ambiental como uma problemática socioambiental; ii) estabelecer as relações
entre esta problemática e o processo histórico de racionalização da vida ocorrido a partir do
industrialismo; iii) fundar as relações entre a inserção da dimensão ambiental, como uma
dimensão intrínseca nos processos produtivos e de gestão, e a presença de valores éticos,
estéticos e morais, constitutivos de uma racionalidade substantiva. Trata-se, com efeito, do
tipo de racionalidade sobre a qual se funda o processo de desenvolvimento e a própria
noção de progresso. A contextualização histórica e conceitual do tema, bem como a
construção do modelo teórico de análise, é feita tendo como fio condutor o conceito de
racionalidade, partindo da noção aristotélica de razão, e, passando pelas análises de Max
Weber, Karl Mannheim, autores da Escola de Frankfurt, Illich, Gorz, Polanyi, Ramos, até
autores contemporâneos como Leff e Bruni. A partir desse quadro teórico, apresenta-se e
analisa-se criticamente a experiência empírica de Economia de Comunhão (EdC),
destacando seus fundamentos valorativos em termos espirituais, éticos e morais como
motivadores da inerência da dimensão ambiental em tais organizações. É uma pesquisa
qualitativa, com características de estudo de caso. Refere-se ao projeto EdC, como um todo,
quando analisa os seus objetivos, concepção, fundamentos e princípios. Realiza-se no
Brasil, quando se refere às entrevistas, na forma de colóquios, e observações participante,
realizadas principalmente tendo como cenário os Congressos Nacionais de EdC e a resposta
aos questionários enviados. Por fim, quando se reporta às empresas, enquanto unidades
organizacionais produtivas com significativo impacto ambiental, a amostra é composta por
sete empresas. A análise dos dados é feita utilizando-se o modelo de análise, os indicadores
e a hipótese nele expressos. Dentre os resultados, destaca-se a importância, no que se refere
aos fins de conservação ambiental, de experiências produtivas e de gestão baseadas não
apenas nos critérios da racionalidade instrumental, mas que também sejam fundamentadas
na racionalidade substantiva.